Igreja Matriz de Soza e Cemitério

O padroado de Soza pertencia ao mosteiro de Rocamador entre 1220 e 1229, tendo-lhe sido doado em 1193 por D. Sancho I. Esta doação foi confirmada por D. Afonso II em Coimbra, no ano de 1218. No século XV a doação inicialmente feita aos frades de Rocamador foi transformada em comenda da Ordem de S. Tiago e a confirmação desta doação feita a João de Sousa, o Romanisco.

A igreja de Soza pertencia à comenda de Santiago, cujo donatário era o duque de Lafões. Localiza-se num sítio conhecido como Crasta e tinha cinco altares: Santíssimo Sacramento, em capela com a mesma invocação, do lado da Epístola. No mesmo lado fica o altar de Santo António. Capela-mor, Nossa Senhora do Rosário e Senhor Jesus. Esta capela tinha no exterior a data de 1830 gravada, podendo corresponder à data de obras de reabilitação/ alteração. A data de 1629 encontra-se também gravada no pedestal de uma coluna no interior da capela.

O retábulo da capela-mor era ladeado por uma mísula com a imagem de Santa Luzia (lado do Evangelho) e outra com a de S. Miguel, padroeiro da igreja (lado da Epístola).

É aqui que nasce o culto de Nossa Senhora de Rocamador, testemunhado por duas imagens dos séculos XIV e XV. Ambas em calcário policromado, são acompanhadas por uma escultura de São Miguel, na fachada traseira da igreja, que remonta ao século XVII. Aqui encontra ainda uma coleção de arte sacra de enorme valor histórico e artístico. A imagem de Santo António do séc. XVII e a Santíssima Trindade medieval são apenas algumas das que vai poder apreciar.

No lado do Evangelho existiu uma tribuna onde os donatários assistiam aos ofícios religiosos. Esta tribuna dava para o palacete confinante onde viviam. Este palacete ardeu na noite de 27 de Setembro de 1843, tendo as ruínas sido bastante mais tarde demolidas. O espaço foi depois aproveitado para ampliação do adro da igreja e localização do cemitério.

Esta igreja albergava no início do século XX a irmandade das Almas (proteção de S. Miguel) e as confrarias do Espírito Santo, Santíssimo Sacramento, Santo Nome de Jesus, Senhora do Rosário e Santo António.

A coleção de arte religiosa da paróquia de Soza inclui imagens de grande valor histórico e artístico, como uma imagem de Santo António do final do séc. XVII ou início do XVIII, uma Santíssima Trindade medieval com Deus Pai coroado sustentando a cruz com Cristo e o Espírito Santo em forma de pomba e uma imagem de S. Brás do séc. XVI.

Vale a pena ainda visitar o cemitério, cujos terrenos ocupam o espaço do antigo Palacete dos donatários da igreja, que ardeu em 1843. Este apresenta jazigos e lápides de grande relevo no que concerne à execução artística e à adaptação de elementos de correntes artísticas como a Arte Nova e a Art Déco.